sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Monografia

Hoje, uma das estudantes líderes do movimento aqui de Fortaleza apresentou sua monografia. Juliana -ou simplesmente Jú- estava lá, pela manhã, andando de um lado para o outro enquanto esperava pela chegada da sua orientadora.  Os passos rápidos pelo corredor, eram uma tentativa de aliviar o nervosismo, tão comum em uma hora dessas.

Fiquei feliz ao ver Jú apresentando seu trabalho. Eu estava lá apenas como ouvinte, para prestigiá-la. Ela me fez lembrar a minha época de estudante, há uns três anos atrás, quando eu passei pela mesma experiência. A Jú se graduou em Comunicação Social, com habilitação em Publicidade. Eu fiz o mesmo curso, mas com  habilitação em Jornalismo.

Ela escolheu um tema interessante e ao mesmo tempo desafiador: uma análise do uso de adesivos nos carros. Mais especificamente dos adesivos que as pessoas usam para professar a sua fé. Ela abordou principalmente as frases relacionadas ao cristianismo. É um desafio alguém que já é cristão apresentar um trabalho com um conteúdo que está relacionado à sua fé, da forma como a academia exige, sem se enrolar. E Jú fez isso muito bem! (Acho que quando ela ler isto, vai ficar envergonhada, mas tem um propósito o meu texto, Jú!)

Após ouvir as considerações da banca examinadora, Jú deixou a faculdade ainda um pouco tensa, parece que a ficha não tinha caído. Mas ela conseguiu sim. Se formou, foi elogiada pela professora e teve uma nota excelente. Depois de tanta luta chegou o grande dia. E eu me lembro bem de como é boa a sensação que vem depois de passar por todas as etapas.

Esse tempo me fez pensar sobre um dos nossos desejos no ministério: enviar estudantes para servir a Deus. Isso pode acontecer tanto no campo missionário, como no mercado de trabalho. Hoje eu fiquei emocionada e grata a Deus porque eu sei que a Jú é uma dessas pessoas que está sendo enviada e que deixará marcas eternas por onde passar. Ela não é a única, eu creio que Deus tem levantado muitos estudantes que estão se formando para serví-lo com suas profissões.

Errata sobre Ana honesta e reativação do outro blog

Olá pessoal,

para você que está me acompanhando aí em algum lugar, sinto que devo uma explicação.
Quando publiquei a história de Ana, a honesta, pensei ter deixado claro que se tratava de uma crônica, logo uma ficção e não uma história real. Mas, duas pessoas já falaram comigo querendo saber mais sobre como eu tinha conhecido a Ana. Aí percebi que o que estava bem claro para mim, não estava para outros. Talvez mais leitores vieram a ter a mesma impressão, não sei.

A idéia desse blog é divulgar as minhas histórias missionárias e também algumas reflexões. Uma paixão que tenho nessa vida é escrever e para não ficar muito enferrujada, eu decidi entrar na onda dos blogs. Antes desse blog aqui eu já participei de outros dois. O primeiro foi em parceria com outros três amigos - "Comunhão em quatro cores". Depois, veio a vontade de fazer um blog sozinha, daí criei o "Recontadas". Mas essas duas primeiras tentativas não deram tão certo, porque com o tempo eu acabei desanimando e não escrevendo mais.

Ano passado, quando eu estava perto de ir para Feira de Santana, veio uma nova idéia. Se eu estava com dificuldade de escrever sobre assuntos mais livres (como era a proposta dos outros blogs), por que não escrever cobre a minha vida de missionária? Com inspiração ou não, sempre teria histórias para contar. Foi muito legal começar esse blog aqui. Eu juntei duas paixões: missões e escrita. Eu tenho nesse espaço a chance de fazer um texto mais literário (é o que eu tento, pelo menos) para registrar fatos do cotidiano missionário.

Eu me empolguei tanto com o blog, que resolvi abrí-lo para outras propostas. Porque não colocar aqui alguns textos vindos da minha "caixola"? Foi assim que resolvi escrever e publicar a crônica "Ana, a honesta". Ana é uma personagem fictícia. Ela surgiu de um dia em que eu estava um pouco frustrada por não encontrar pessoas como ela. Então fiz o que chamei de "crônica desabafo". Ou seja, já que não tenho encontrado pessoas honestas sobre sua espiritualidade, vou criar uma, do jeito como eu gostaria de encontrar.

Desculpem se, sem essa intenção, enganei alguém. Mas para evitar outros equívocos, vou reativar meu outro blog, "Recontadas", que será um espaço, apenas para ficção. Para eu colocar a minha imaginação para fora. E sempre que vocês quiserem podem ler os meus textos lá também. Aqui vai o link desse outro blog: http://www.recontadas.blogspot.com/

Um último esclarecimento: embora Ana não exista, ela foi inspirada em algumas pessoas que eu já encontrei e que me mostraram essa honestidade. E esse gênero "crônica" trata-se de um tipo de texto que deixa a gente mesmo com essa dúvida: "é real?" Pois quando se escreve uma crônica, utiliza-se elementos do cotidiano, e que poderiam perfeitamente ser "reais", para se contar uma história.

É isso pessoal! Mas o "Mochila nas costas" continua. Estou meio parada em escrever para cá, mas não desisti e espero ainda compartilhar muitas histórias reais do que Deus tem feito na minha caminhada aqui em Fortaleza e para onde mais Ele me mandar.

Abraços!

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Próxima parada: Piracicaba!

Pense em jovens seguindo Jesus na universidade. Pessoas sendo alcançadas. Líderes tementes a Deus e dispostos a cumprir o seu propósito nessa geração. Parece difícil? Mas todo desafio precisa de um ponto de partida. Uma pequena fagulha que incedeie ao redor. O Projeto Piracicaba 2011 pode ser esse começo.

Há 8 anos o Movimento Estudantil Alfa e Ômega tem realizado projetos missionários de verão. São projetos de curta duração (um mês) que visam impactar universidades no Brasil e até fora. Você que nos acompanha há mais tempo sabe como nossa vida foi marcada por projetos como esses.

E para você que nos conhece mais recentemente, podemos dizer que a nossa participação nos projetos missionários foi decisiva para ingressarmos no ministério.
                       
Em um passado não tão distante, como estudantes, desde 2005 (Carol) e 2006 (Léo), participamos de projetos em: Brasília, Curitiba, Moçambique e Recife. Por meio dessas viagens Deus mudou a história de muita gente (inclusive a nossa).

Foi assim com Nélio, estudante universitário em Mocambique. Em uma tarde, ele ouviu sobre o amor de Deus, durante um projeto missionário. Ele foi alcançado.
                        
Agora, como missionários, experimentamos os projetos de verão com uma nova perspectiva. Sabemos que Deus pode nos usar para a edificação dos estudantes, que como nós no passado, estão investindo suas férias em missões.
                        
Vamos à Piracicaba para servir esse pessoal que tem apresentado um coração tão comprometido ao ponto de sair de sua zona de conforto. Faremos parte da equipe do projeto, como meros instrumentos do que Deus quer realizar na vida deles.
                        
Queremos ver Cristo conhecido nessa cidade, pessoas se rendendo a Ele. Além disso, cremos que nesse tempo os estudantes cristãos da própria cidade serão também motivados a viver um movimento espiritual lá. E desejamos também que esses nossos queridos voluntários, vindos de diversas cidades do Brasil tenham suas vidas tremendamente impactadas, como um dia ocorreu conosco.
                        


Como fazer parte do nosso envio para lá? É só escrever para: leonardo@alfaeomega.org.br ou carolina@alfaeomega.org.br
Esse foi o texto original da carta de oração que Léo e eu escrevemos em outubro. Para receber uma, mande um e-mail para nós!

Acabou, mas começou (continuação de Ana honesta - uma crônica-desabafo)

"Como Deus pode se interessar por você?" Repeti devagar a pergunta de Ana, enquanto tentava disfarçar meu entusiasmo por encontrar alguém como essa menina. Puxa, ela tinha a pergunta que eu vivo tentando responder.

"Bem, Ana, você pode ficar certa: Deus se importa. E a maior prova disso foi a vida de Jesus." A partir daí fui explicando para Ana o plano de Deus para a redenção do homem. E foi lindo ver como ela acompanhava tudo quase sem piscar. Tudo fez sentido. Ela entendeu. Ela ouviu. Ela creu.

Acabou a história de Ana escrita aqui para você, mas começou também. Ana começou uma nova vida, não mais centrada em si mesma, mas com Jesus no centro. E quando isso aconteceu, teve luzes, cor, música, festa... lá no céu.

Eu continuo aqui minha missão tentando encontrar Anas, outras e outros a quem Deus quer se tornar conhecido.

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

A fala da Ana (continuação de Ana honesta - uma crônica-desabafo)

"Queria saber  porque a gente está aqui nesse mundo". Ana me respondeu sem hesitar à questão: "O que você gostaria de perguntar para Deus?". Já ouvi várias pessoas que têm a mesma indagação. Mas quando me proponho a dar uma resposta, elas não parecem crer que seja possível. Foi diferente com Ana.

Essa menina tinha uma dúvida genuína. Estava em busca de algo e por sua busca ser tão forte ela estava aberta a qualquer pessoa que lhe desse alguma luz. Naquele dia fui eu. Não sei como foi antes. Mas naquele momento eu vi dois olhos que pareciam brilhar enquanto eu falava do plano de Deus. Falei e falei. Até que percebi que estava falando demais. Joguei a bola para Ana. O que ela achava de tudo isso? A partir daqui vou deixar vocês com Ana.

***

O que eu penso sobre tudo isso? Eu ainda não sei muito bem. Sei que há muito tempo tenho buscado algum significado para a minha vida. Eu não estou satisfeita, sabe? Para ser bem sincera, eu estou quase me cansando de buscar. Já fiz tanta coisa, mesmo com meus apenas vinte e poucos de idade. Eu tento lutar pelo ideal de um mundo melhor, ainda acredito nisso. Mas essa luta não me preenche. Simplesmente, olho para os lados e parece que ninguém de verdade se importa com isso.

Entrei na faculdade porque pensava que aqui eu  ia encontrar esse espaço. Mas tudo o que eu vejo são pessoas egoístas. Cada um pensando apenas nos seus objetivos de vida. A maior parte dos estudantes não vêem a hora de se formar e conseguir seu sonhado emprego público. Que dizem ser a ocupação perfeita: boa remuneração e pouco trabalho. Nos fins de semana eles esquecem um pouco essas ambições se lançando no máximo de festas até chegar a segunda-feira. Os professores vivem em uma eterna disputa de egos, um querendo provar para o outro quem é o maior nesse mundinho tão pequeno que é a Academia. Eu não me encaixo nisso. Já tentei, mas não consigo. Tem que existir um motivo maior para viver. Não posso acreditar que a vida se resume à coisas tão passageiras.

E aí você vem e me fala que Deus é quem pode dar esse sentido maior. Não sei o que pensar. Sempre pensei que Deus estivesse à parte de tudo isso. Nunca pensei que ele poderia ser a resposta. Desde que entrei na faculdade aprendi que o conhecimento é a resposta e que Deus ou religião a gente deixa lá fora, de preferência a gente até deveria desistir dessas idéias, porque servem apenas para menos esclarecidos. Eu entrei aqui com alguns valores religiosos que minha família me deu, mas eles nunca foram muito fortes para mim então, quer saber? Foi muito fácil nem pensar muito a respeito e correr para outras coisas que me diziam que dariam certo. Me tornei uma pessoa mais consciente com o meio ambiente, me filiei ao Centro Acadêmico. Tô fazendo a minha parte para ver se alguma coisa muda.

Como é que Deus pode mesmo está tão interessado em alguém como eu? Ele não é tão grande? Ele não estaria longe demais desse mundo louco em que vivemos?

[Vou ficar por aqui. No próximo post eu falo sobre como terminou a nossa conversa.]

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Ana honesta (uma crônica-desabafo)

Falta inspiração. Mas não falta vida. Sempre há o que escrever, então. Nem que seja um "escrever-descrever" descompromissado. Só mesmo um "botar para fora" o que rola dentro da caixola. Vou tentar. 

Vou falar de Ana, honesta. Perfil? Jovem, de seus vinte e poucos anos, universitária, da área de humanas. Ah sim, ela não sabe muito bem o que pensar sobre Deus. Quando entrou para a faculdade, se dizia simplesmente católica. Não havia muito o que pensar sobre isso. Ponto. Mas depois, não dava mais para simplesmente manter a indiferença  de sempre quanto a assuntos relacionados a Deus e à religião. Para facilitar, resolveu então concordar com o que alguns dos seus professores falavam.


Depois de ouvir pela quinta vez que Deus era um mito criado pelos homens, isso nem agrediu mais os seus ouvidos como no início. Ela cedeu. Mas, espere, Ana não é alienada não. Pelo menos em vários aspectos ela se mostra uma pessoa bem consciente. É, de longe, a mais politizada da sua turma. Participa ativamente do Centro Acadêmico de seu curso. Sem falar que Ana também é verde *. Ela é bonita, mas não de um jeito muito convencional. Se eu fosse colocar numa categoria, ela tem um estilo "alternativo" de se mostrar ao mundo. Ela é legal. Tem vários amigos e nem se esforça muito para isso. Mas, o que mais me intriga em Ana: ela é honesta.


Às vezes você sente falta de pessoas que se expressam com honestidade? Eu sinto. Eu gosto muito de conversar, e para ver Cristo sendo conhecido entre os universitários eu converso, e muito. Essa é uma das partes que eu mais gosto naquilo que eu faço: conversar. Converso com tanto tipo de gente. Não pretendo aqui falar da sociedade de um jeito científico. Vou falar simplesmente do que vejo. Vejo que os jovens universitários com os quais eu tenho contato (Fortaleza - Ceará) não apresentam grandes oposições quando eu tomo a iniciativa de conversar com eles sobre Deus. Levam numa boa. Ouvem. Porém, várias vezes eu saio de uma conversa dessas sem saber muito bem o que se passa por aquela cabecinha.


Sabe, aquela de escutar, falar "ahan" e elogiar porque estamos lutando por uma causa "bonita"? Nada contra esses comentários. Mas o que me incomoda é não saber de fato, o que aquela pessoa pensa. Eu vejo o cristianismo como algo que é muito além de uma causa "bonita". Ok, sei que as pessoas não são obrigadas a pensarem assim, mas eu queria ouvir pelo menos um: "sim, eu concordo", ou "não, não penso desse jeito" ao invés de um insosso "ahan". E por isso quis falar de Ana, a honesta da nossa história.


Dia desses encontrei com Ana. Ela com uma expressão de quem refletia em algo. Eu cheguei para interromper seus pensamentos, mostrando os meus. Falei de Deus, de Jesus, do plano dele para o homem. Falei e falei. E quando interroguei Ana pela primeira vez para saber o que estava pensando. Eu ouvi. Ouvi aquilo que me faria entender que Ana era uma daquelas pessoas. Alguém que não podia passar despercebido por esse mundinho. Em alguns momentos raros você pode conhecer alguém como Ana. 


Mas o que ela me falou não cabe mais nesse post. Termino aqui. Com o que eu escrevi já dá para pensar um pouco? Um dia falo da fala da Ana. 


(*: "verde": se importa com o meio ambiente e reflete isso nas suas escolhas)




sexta-feira, 18 de junho de 2010

Certezas

Certamente sei que
Tenho certeza de
Sem dúvidas que
Absolutamente
A Verdade
Creio
Tenho fé

Será que essas são expressões que um dia não farão mais sentido? Quero as certezas, gosto e preciso delas. Não quero ser cabeça dura e manter uma certeza em coisas que não valem a pena. Mas existem princípios com os quais simplesmente eu não posso negociar. E o que seria de mim sem eles?

Pois então que fique assim: sou uma mulher de 26 anos, ocidental, vivendo em um mundo pós moderno, mas que ainda assim crê em princípios eternos. E sei que não sou a única a pensar assim.


Para terminar, uso aqui as palavras do "Credo Apostólico":


Creio em Deus Pai Todo-Poderoso, Criador do céu e da terra.
E em Jesus Cristo, seu Filho unigênito, nosso Senhor; concebido pelo Espírito Santo e nascido da Virgem Maria; que padeceu sob Pôncio Pilatos, foi crucificado, morto e sepultado, e ao terceiro dia ressurgiu dos mortos; que subiu ao céu e assentou-se à direita do Pai Todo-Poderoso, de onde há de vir para julgar os vivos e os mortos.
Creio no Espírito Santo, na santa igreja católica, na comunhão dos santos, na remissão de pecados, na ressurreição da carne e na vida eterna. Amém.

terça-feira, 1 de junho de 2010

Estou na reta final dos preparativos para meu casório com o Léo. Feliz? Siiim. Ansiosa? Tambéeeem.

Em algum momento eu precisava parar e escrever sobre fé aqui. Não sei muito bem como explicar, mas Deus fala mesmo com as pessoas, inclusive pessoas ansiosas como eu. Pode parecer meio doido, sabe? Mas vou confessar aqui: desde que comecei a cuidar dos preparativos do meu casamento, Deus me disse de formas diferentes que seria pela fé. Ponto final. Deus já me diz isso há muito tempo.

A primeira vez que eu entendi isso, foi quando me senti direcionada por Deus a aceitar o convite de coordenar um projeto missionário em janeiro desse ano. Na minha cabecinha, eu já estava até cogitando a possibilidade de nem sequer ir a um projeto e aproveitar o mês de janeiro no Rio para cuidar dos preparativos. Mas Deus me deu a coragem que eu nunca tenho para dar um passo de fé e crer que enquanto eu cuidava dos "negócios" dEle, era Ele mesmo quem ía cuidar dos meus. Parece um bom trato, não? O próprio Deus como cerimonialista oficial do meu casamento. Seria perfeito, se não fosse esse coraçãozinho tão incrédulo que eu carrego. Por várias vezes eu fiz de conta que Deus não tinha falado nada sobre essa tal de fé para mim. E sempre que tive uma oportunidade peguei o controle, até constatar - mais uma vez- que não era esse o caminho.

Um outro indício de que eu precisava entregar os detalhes do meu casamento para Deus foi a leitura de um salmo que tem martelado na minha cabeça desde o inicio do ano: salmo 33. Vale a pena ler. E de fato Deus já fez muito até aqui. Mais do que eu poderia imaginar. Depois do dia 3 de julho posso até escrever um post contando. Mas por enquanto só quero manifestar que parece que dessa vez estou mesmo aprendendo a ter um pouquinho de fé. E na Pessoa certa.

Para que eu não me esquecesse que eu preciso andar pela fé sempre, meu último encontro com o grupo familiar que eu participo lá em Fortaleza foi exatamente sobre... advinha? Fé! Lembro das palavras do Júnior dizendo, mais ou menos assim: "Às vezes você está tão tranquilo, mesmo diante de uma impossibilidade, que você até se questiona: Deus, será que eu estou sendo irresponsável? Eu não precisava estar pelo menos um pouquinho preocupado? Não, essa tranquilidade é fé." Me identifiquei. Várias vezes já perguntei isso para Deus nesse processo de depender dEle. Eu estou tão acostumada a resolver tudo do meu jeito e no meu tempo. Quando preciso me render ao jeito e tempo de Deus parece que é mais difícil. "Puxa, Deus, tem certeza disso? Não quer uma ajudinha não?" Deus é muito paciente comigo.

Dizer mais o quê? A gente precisa ter fé. E para isso, também, dependemos do Espírito de Deus.

"Ora, a fé é a certeza daquilo que esperamos e a prova das coisas que não vemos. (...) Pois sem fé é impossível agradar a Deus, pois quem dele se aproxima precisa crer que ele existe e que recompensa aqueles que o buscam." (Hebreus 1:1 e 6)

"Os apóstolos disseram ao Senhor: "Aumenta a nossa fé!" Ele respondeu: "Se vocês tiverem fé do tamanho de um grão de mostarda, poderão dizer a esta amoreira: 'Arranque-se e plante-se no mar', e ela lhes obedecerá." (Lucas 17:5 e 6)

"Se vocês, apesar de serem maus, sabem dar boas coisas aos seus filhos, quanto mais o Pai que está nos céus dará o Espírito Santo a quem o pedir!" (Lucas 11: 13)

terça-feira, 25 de maio de 2010

Poesia e missão

Com disposição e um pouco de cara de pau, realizamos a 2º edição do Sarau Versos Marcantes no Centro de Humanidades da UECE. Dessa vez, um pouco mais curto, pois os participantes estavam acanhados. Mas ainda assim, alguns, mesmo sem ter se planejado toparam o desafio de declamar na hora. Maior coragem.

Já deve ter dado para perceber que eu curto muito essa idéia de sarau. Não cosigo nem disfarçar. Sou apaixonada por poesia e outras "literatisses" e fico super animada por juntar essa paixão com uma outra: Jesus. Para você (que se interessar) entender um pouco do que foi o sarau, deixo aqui um relato do dia:

Fortaleza, 13 de maio de 2010.

Hoje por aqui, comemoram o dia da Maria, a de Fátima (pois existem tantas, né?). Mas, pela manhã, ao abrir os olhos o meu coração bate mais acelerado por outro motivo: hoje é dia de... sarau! Depois da minha rotina matinal, eu deixo meu apartamento, rumo ao nosso "escritório", no bairro de Joaquim Távora. Estou tranquila. Dividi as tarefas do evento com os estudantes e estou confiando em Deus que vai dar tudo certo. O "escritório" leva aspas por que na verdade ele é um depósito de todo o tipo de materiais que você possa imaginar. Lá eu abasteço uma sacola bem grande com folders do Alfa e Ômega, as amarelinhas Quatro Leis, os folhetos azulzinhos (tá tão meigo tudo no diminutivo...). Me dispeço da Fernanda, minha líder de equipe, que estava no escritório para despachar as revistas sobre os projetos que foram impressas aqui em Fortal.

A ida para o campus foi bem mais tranquila do que eu esperava. O trânsito fluía bem, apesar de eu passar pela avenida 13 de maio, no dia 13 de maio (é lá que fica a igreja de Fátima). Ao chegar no campus, um marasmo. Os alunos ainda estavam em aula e nem dava para perceber que em breve ía ocorrer um evento cultural ali. Me sentei e fiquei aguardando os estudantes, enquanto isso orava para que não chovesse.

Com o início do intervalo o cenário mudou. Uma movimentação grande na direção do Restaurante Universitário (eles precisam comprar a ficha do almoço logo, senão perdem a refeição) e - boa surpresa - aos poucos foi se formando uma concentração de pessoas sentadas nos bancos em frente ao palco aonde declamaríamos as poesias. A galera parecia interessada. Mas na vida de missionário, os fatos precisam ser "com emoção", se não, qual é a graça? Tivemos a nossa pitadinha de emoção ao ver o horário do Sarau se aproximando e o som ainda não instalado. Apesar da nossa atecedência, ocorreu um imprevisto na prefeitura do campus e no final das contas, o Sarau teve que ser à moda antiga mesmo: no gogó. Com a coragem que ainda me restava pedi a minha amiga (e também missionária), Manú, que chamasse a atenção do povo e anunciasse o começo do evento.

Começou. Tivemos declamações emocionantes, que me deixaram intimidada, com muita vergonha de fazer a minha. Mas busquei lá no fundo aquele resquício de coragem e li a primeira poesia que eu tinha separado:

O bom do ruim 

Não quero ter cabelo bom
pois meu cabelo não é ruim

Não quero parecer-te bom
por mais que me aches ruim

Não quero ser bom
para seguir tua cartilha ruim

O Criador disse
"Ficou muito bom"
as criaturas não concordaram
eis porque ousas chamar-me ruim!
 
Autora: Adriana Dantas

Declamei uma poesia da minha amiga, Dri, de São Paulo. E depois em outro momento declamei a poesia do Gladir Cabral que eu já postei aqui. É muito "massa" declamar. Você sente um frio na barriga, mas depois um alívio, e no final você chega à conclusão: valeu à pena, quero fazer isso de novo. Foi o que eu senti, pelo menos.

Também aproveitamos o evento para divulgar o Alfa e Ômega no campus e distribuir um texto bem simples que levantava a questão de ter um relacionamento com Deus.

Eu quero mais e espero que a gente consiga fazer desse sarau uma tradição no campus. Eu acredito que Deus já tem usado esse espaço para que o nome dele seja levantado na universidade, de uma maneira relevante para o pessoal de lá.

terça-feira, 11 de maio de 2010

Altos e baixos

Já reparou o óbvio? Que a gente "toda vida" (como diriam os cearenses) tem que lidar com altos e baixos. Missionário também é um bicho pensante, rapá. Pra provar isso, eu revelo: todo mês preciso oficialmente pensar nos altos e baixos do ministério por aqui.

Pois agora já estamos no meio de maio. Mas ter um pouco de memória não faz mal.

O ponto alto de abril foi a força que Deus me deu para me envolver em várias atividades e conseguir dar conta delas. Tivemos um mês bem movimentado por aqui. Missionário faz um pouco de tudo sabia? Escreve texto para revista, promove eventos, dá treinamento de evangelismo, serve café da manhã para patores e líderes da cidade, evangeliza, discipula. Ufa! Isso foi uma parte das coisas que eu fiz esse mês. O ponto alto foi mesmo ter energia e disposição para arregaçar as mangas e trabalhar.

O ponto baixo foi o meu tempo devocional com Deus. Sei que esse é um tempo primordial, mas confesso que tem sido muito difícil lutar contra a ansiedade e conseguir de fato parar e contemplar a Deus. Esse é um desafio para pessoas que curtem um "ativismozinho" como eu. Pois é, isso precisa melhorar. Preciso de um tempo com Deus, mas não só daquele tipo que tá marcado na agenda. Mas um tempo em que eu verdadeiramente me encontre com ele.

Sobre os bastidores de um Sarau

Pois é, há alguns minutos atrás eu escrevi que estava sem inspiração. Mas daí veio a idéia de falar (como já tenho feito) do que tem acontecido comigo por aqui. Assunto para escrever, na verdade é o que não falta.

Nas últimas semanas estou envolvida com os preparativos de um Sarau de poesias. É a segunda vez que nós (do Alfa e Ômega) vamos realizar esse evento no Centro de Humanidades (CH) da Universidade Estadual do Ceará (UECE). A idéia é ter uma maneira diferente de divulgar o movimento na universidade e de falar do amor de Deus também.

Sou uma missionária em treinamento e tentar algo novo no evangelismo é parte do que preciso fazer nesse semestre aqui. Por isso decidi investir no Sarau. Não é uma idéia totalmente nova (aliás será que existe mesmo algo totalmente novo? Deixa pra lá... esse seria um papo muito filosófico). Mas é uma idéia que eu acredito. Fazer o sarau no Centro de Humanidades é se contextualizar mais com a realidade dos estudantes de lá. É também contribuir com a produção cultural da universidade. O Sarau me deixa empolgada, pois eu acredito que nessa iniciativa a gente consegue se mostrar como um movimento cristão relevante no CH.

Dia 13 de maio será o grande dia. Estar envolvida nos preparativos tem sido um passo de fé para mim. Porque além disso, estou cuidando de outras atividades do ministério aqui e também do meu casamento que está cada vez mais perto (o que me deixa meio doidinha). Mas tem valido muito a pena, porque posso depender de Deus. Diferente do ano passado, dessa vez temos mais estudantes que poderão nos ajudar. Isso já é um grande incentivo.

Não será um mega evento, mas algo simples. As pessoas vão, sobem no "palquinho" do bosque e declamam uma poesia marcante para elas. Pode ser de autoria própria ou não. E nessa simplicidade já tivemos boas respostas na primeira vez. Pessoas que nem mesmo acreditam em Deus, mas que gostaram da nossa iniciativa. Quem sabe isso não abre uma frestinha para o evangelho? Nessa edição, nós queremos selecionar algumas poesias que tenham Deus na temática. A poesia que eu coloquei no post anterior vai fazer parte do repertório.

Algo me deixa feliz também é ver alguns cristãos no campus se aproximando e dando a sua contribuição. Isso traz para eles uma boa perspectiva que às vezes se perde ao longo do curso: eles não estão lá apenas para estudar. Deus tem um propósito maior. Ele quer usá-los ali e vai fazer isso por meio dos talentos que cada um tem. Alguns escrevem, outros declamam, outros vão ajudar dando informações no stand do movimento e dois vão cantar e tocar (voz e violão).

Depois de quinta escrevo mais para dizer como foi!

Poeta é Deus

Como tem me faltado a inspiração para escrever (culpa da ansiedade de noiva que venho sentindo), vou publicar aqui essa poesia de Gladir Cabral.

poeta é Deus
Por Gladir Cabral
em 11 de abril de 2006


Eterno é Deus,
Tudo o mais é só folha de alfazema
Que o vento leva no doce perfume da açucena,
Águas passadas nas longas braçadas do moinho,
Leve desenho na pena de um livre passarinho.

Eterno é Deus,
E o resto é a sombra de uma nuvem
Sobre a corrente das águas que de repente surgem
E prontamente se escoam na sequidão da terra,
Um pensamento, uma flecha do arqueiro, quando erra.

Poeta é Deus,
Sou apenas o verso de um poema.
Ele é palavra, eu sou o desejo de um fonema,
Verso branco, breve
À espera do seu tema.

Eterno é Deus,
Tudo o mais é uma gota de sereno
Que de manhã cobre a folha da grama no terreno.
Ao meio-dia é apenas lembrança pouca e vaga,
É trilha incerta, é uma estrada deserta e ensolarada.

Poeta é Deus,
Sou apenas poeira do caminho.
Ele é o rio que me leva assim, devagarinho,
Pela vida afora, nunca mais sozinho.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Um tapa na rua

Como missionária em Fortaleza sou consequentemente uma transeunte da cidade. E por aqui, pelo menos por enquanto, eu me desloco de ônibus,de "topic" (que corresponde ao microônibus carioca)ou a pé mesmo. Apesar de ser mais confortável andar de carro (e sonho com o dia em que poderei dirigir o meu), ser uma pedestre também tem suas vantagens. Eu tenho conhecido a cidade como alguém que anda por ela. Que pisa nas poças de água, que fica com as sandálias empoeiradas. Tá, tudo bem, até agora talvez não tenha conseguido escrever nenhuma vantagem.

Ser uma pedestre é vantajoso porque eu posso andar na rua e pensar na vida enquanto ando. Dentro do ônibus, eu posso olhar a paisagem ou então olhar para aqueles desconhecidos que estão ali dentro e imaginar como eles realmente são. Se você escolhe uma topic inevitavelmente vai conhecer mais sobre o gosto musical daqui. Na certa o som será do forró eletrônico truando (o jeito cearense de dizer "bombando") no seu ouvido. Foi andando de Topic que descobri: no forró tudo se copia. Pense em uma música que está nas paradas, pode ser nacional ou internacional. Pode acreditar: tem uma versão em forró dela. Os caras do forró não perdem tempo não.

Dia desses, e aqui entra a parte não tão legal em ser pedestre, eu estava endando pelas ruas do centro da cidade. E eu me arrisquei a falar no celular. Na minha frente avistei um morador de rua, que tinha apenas uma perna, saltitando na calçada. Ele vinha na minha direção. Eu vi que alguma coisa não ía bem. A cada pulinho ele batia palma e gritava alguma coisa. Mas mesmo assim, eu ingenuamente decidi me manter no mesmo caminho que pretendia seguir. Daí quando ele passou do meu lado, me deu um tapão no braço. Assim, gratuitamente mesmo. Por essa eu não esperava. Mas foi algo tão inusitado que eu fiquei sem reação. O cara seguiu saltitante virando a esquina. Algumas pessoas me procuram, indagando se estava tudo bem. Pensaram que ele tinha levado meu celular. Dessa eu escapei.

Depois segui o caminho da roça rumo ao campus da UECE (Universidade Estadual do Ceará)e cruzei a cidade. Era só a metade do meu dia. Eu e minha mochila roxa ainda iríamos para dois pontos diferentes da cidade até o fim do dia.

Termino esse post meio aleatório dizendo que andar em Fortaleza pode ser de alguma forma de protesto. No bairro em que estou morando agora tem muitas ruas desertas, as pessoas se trancam em casa com medo da violência que tem crescido na cidade. Sair só de carro. Um protesto à violência pode muito bem ser ao invés de nos trancarmos andarmos por aí fazermos dos espaços públicos lugares com mais simpáticos e com mais gente.

quarta-feira, 31 de março de 2010

Um pouco de clichê

Sei que é meio clichê escrever um texto motivacional, mas às vezes a ocasião pede. E já que é para ser clichê, vou até deixar o link de um vídeo, para que possam me entender. (Clique aqui: A árvore e o menino indiano)

Ás vezes me sinto como esse menino aí, o da árvore. Não quero com isso ressaltar a minha "nobreza".Quero mesmo é expressar a minha dificuldade. Sou missionária na universidade. O fato de pertencer a um mundo tão "pós moderno" afeta bastante o meu trabalho. O individualismo é uma marca do nosso tempo. Infelizmente não posso excluir os cristãos desse problema. Ter um movimento na universidade - seja ele qual for - já foi mais fácil em algum tempo. Hoje temos jovens que se preocupam acima de tudo com a sua própria formação. O bem comum parece um discurso ultrapassado. Mesmo que esse bem seja a mensagem do evangelho de Cristo.

Às vezes tenho que lidar com barreiras como: desinteresse, agendas lotadas, a "necessidade" de um desempenho excelente nas provas e trabalhos e até mesmo o partidarismo denominacional. Daí parece que ninguém de fato se importa. Hoje, estou ainda "desbravando" um campus universitário de uma grande universidade particular daqui. Mas me pergunto: alguém quer pagar o preço de ver o reino de Deus sendo levantado nesse lugar? Cadê os estudantes cristãos? Sozinha não vou arrastar uma árvore tão grande. E já faz um tempo que aguardo outras mãos voluntárias que queiram fazer o mesmo.

Enfim, nem tudo são flores. Acho até que esse texto não está nada motivacional.. hehe. É só um desabafo. Orem por mim, para que Deus me dê perseverança e paciência. Orem por essa universidade e pelos estudantes de lá. Tanto pelos que já têm um relacionamento com Deus como pelos que ainda estão bem longe disso. Que Deus desperte a nossa geração.

quinta-feira, 25 de março de 2010

O dia em que eu perdi 20 reais

Já faz tempo, mas eu quero contar essa história mesmo assim. No meio do ano passado eu saí com uma amiga. Fomos ao Centro Cultural Dragão do Mar, lá fizemos um lanche em um dos meus lugares preferidos daqui: o Santa Clara Café. Apesar de ela ser cearense, nunca tinha ido nessa cafeteria. Minha amiga é uma estudante de administração da UFC. Eu estava me encontrando semanalmente com ela para estudarmos a bíblia. Há pouco tempo ela tomara uma decisão de se entregar a Cristo. Pois bem, eu quis que o nosso encontro da semana fosse diferente e por isso escolhi esse local.

Eu estava animada, porque ela vinha se mostrando bem interessada em crescer no relacionamento com Deus. E, cara, quer deixar uma missionária feliz? É ter uma nova convertida que demonstra disposição em crescer. Isso traz uma empolgação no trabalho da gente. Enfim, depois do nosso tempo juntas eu voltei para casa e ela foi para a aula. Pegamos o "Circular" (ônibus que servia para ambas). Daí ao entrar no busum, mal eu colocava meus pés na escada, o motorista arrancou (normal por aqui!). Eu fiquei toda enrolada, procurando o dinheiro da passagem. Com dificuldade eu puxei uma nota de 20 reais. Apesar do transporte estar em movimento as portas estavam abertas. Quando eu fui entregar o dinheiro para o trocador a nota escapou da minha mão e vôou. Eu fiquei observando, impotente, sua tragetória rumo a escada e depois para a rua. Fiquei sem ação. Sou péssima para agir rápido. Algumas pessoas na condução gritaram: "Motorista, pára o ônibus", em vão. Eu perdi, e rapidamente me conformei com isso. Nem me animei a descer no outro ponto e correr atrás do dinheiro. A distãncia era considerável e a essa altura alguém teve a sorte de receber uma nota de 20 reais vinda dos "céus". Ninguém rejeitaria um "presente" desses, né?

Por outro lado, no ônibus eu tive que engolir comentários do tipo: "hum... se fosse comigo eu corria atrás do dinheiro, para mim 20 reais fazem muita diferença!" Sei lá o que as pessoas pensaram sobre mim... mas é claro que se eu pudesse escolheria não perder.

De vez em quando eu me lembro dessa história. Eu acho que (aqui começa minha pequena viagem) foi tão simbólico a perda desses 20 reais. Por ter sido uma situação inusitada, me fez pensar. Será que tenho desperdiçado algumas coisas na minha vida? Tempo, dons, talentos, dinheiro, comida? Tanta coisa pode ser desperdiçada se eu não for uma boa mordoma do que Deus me tem dado. Ultimamente Deus tem feito alguns agrados tão fofos para mim! E eu não quero permitir que as oportunidades voem pela janela.

sábado, 27 de fevereiro de 2010

Eu voltei, aqui é o meu lugar

De volta, em Fortaleza. Já perdi as contas de quantas vezes já disse isso nos últimos 2 anos. Essa é a minha vida de idas e vindas. Por mais que eu transite na "ponte aérea" Rio de Janeiro - Fortaleza, eu tenho um lugar para chamar de "minha casa". E, pelo menos por agora, esse lugar é Fortaleza.

De volta à Fortaleza. Uma semana aqui e já me deparo com as peculiaridades dessa terra. O bom sotaque cearês, as aventuras nos terminais de ônibus, o barulho dos carros perto do "meu" apê, o cinema do shopping iguatemi, a querida equipe do Alfa e Ômega em Fortaleza e o pessoal da minha igreja aqui. Uma semana e já se passou tão rápido. Eu acho mesmo que esse semestre vai voar.

Por falar em semestre, isso me lembra o motivo que me trouxe a essa boa cidade.
Trabalhar com o Movimento Estudantil Alfa e Ômega. Depois de 15 dias de férias na minha cidade natal, voltar me traz a idéia de recomeçar. Mas fico tão feliz e surpresa, quando ao chegar aqui vejo os estudantes líderes já se mobilizando para as atividades nos seus respectivos campi. As coisas mudaram.
Nessa mesma época, no ano passado ainda nos esforçávamos pela formação de uma liderança estudantil cristã por aqui. Os líderes anteriores em sua grande maioria estavam se formando. Como é bom ver novos líderes despontando no cenário, e com muita motivação para colocar a mão na massa.

Então, lá vamos nós! O semestre já começou, há muito trabalho e poucos trabalhadores (Jesus, sempre atual!). Mas os poucos que têm surgido, são como presentes de Deus para a nossa equipe.

Minha história


Eu sou a primeira de três filhos. Nasci numa família que desde cedo me ensinou os valores cristãos. Meus pais me ensinaram a a ir à igreja. Eu fazia isso por obediência e também porque eu achava legal. Fiz amigos, tinha um tempo divertido com eles, me sentia bem nesse ambiente. Essa era a maneira que eu entendia de me chegar até Deus: estar na igreja.
 Quando entrei na adolescência alguns conflitos começaram a surgir. Eu via no meu colégio, entre os meus amigos uma vida muito diferente, com princípios às vezes até opostos ao que meus pais me mostravam. Estar com Deus nessa época era algo que não fazia muito sentido para mim. E na hora que as minhas convicções eram colocadas em xeque, elas simplesmente desapareciam. Eu não enxergava a minha vida como algo que tinha um propósito maior. Me sentia vazia e até hipócrita por parecer ser alguém que eu não era.
Nessa época, ter a aprovação das pessoas era algo tão importante para mim que eu me sentia por vezes reprimida, com medo de não ser aceita. Talvez esse mesmo medo  fosse aquilo que me afastava de ter um relacionamento verdadeiro com Deus. Apesar de estar distante de Deus, meu coração era sensível e eu sentia vontade de ter algo mais na minha vida, mesmo sem saber o quê.
Um dia, aos 12 anos, eu fui a um acampamento com um grupo de pessoas que queriam buscar mais a Deus juntos. Nesse fim de semana eu entendi que a falta que eu sentia era de Deus. Eu percebi que por mais que eu levasse uma vida "normal", eu nunca seria perfeita. Vi que precisava do perdão de Deus e do seu amor em mim. Então eu fiz uma oração recebendo a Cristo e me entregando a ele.
 Depois disso comecei uma caminhada que prossigo até hoje. comecei a entender melhor a vontade de Deus para mim. Vi que Deus me deu forças para crescer em áreas que eu tinha dificuldade. E continuo descobrindo mais sobre o amor de Deus até hoje. Nesse tempo eu pude descobrir que Deus é gracioso e não me trata pelo que eu mereço, mas ele tem o perdão para mim, por meio de Jesus. Deus me aceita completamente e a maior prova disso foi a atitude de amor radical de Jesus na cruz.
 Isso me ajuda na maneira como eu vejo as pessoas. Posso me sentir mais livre e me mostrar como eu realmente sou, pois existe alguém que me aceita plenamente. Hoje eu entendo que a minha vida tem um propósito maior. Sei que estou aqui para fazer coisas não somente do tipo que ficam por aqui. Mas posso investir o meu tempo e quem eu sou em coisas que vão durar eternamente.
 Ver a vida desse jeito me traz alegria. Não uma alegria besta que me faça rir o tempo inteiro e nunca chorar. Mas uma alegria real que me faz ter esperança mesmo na dor.

domingo, 14 de fevereiro de 2010

Agora, algumas fotos

Ponto de partida

Já se passaram 12 dias desde que me despedi das 66 pessoas com quem "morei junto" em janeiro. Tão rápido. Parece que quanto mais ocupado se está, mais o tempo voa. Não falo isso por me orgulhar em ser ocupada. É apenas uma observação. Um projeto é algo tão intenso, que é necessário ter alguns momentos para digerir tudo o que aconteceu.

O mês já acabou, voltamos para casa, mas espero sinceramente que o projeto tenha sido apenas um ponto de partida para os estudantes da UEFS. Aliás esse é um bom motivo de oração. Ore para que os cristãos que estudam lá continuem animados e queiram continuar o que começamos. Pense bem: não é uma tarefa tão fácil. Antes eles tinham um grupo de pessoas super animadas e comprometidas. Pessoas que sairam de suas cidades e estavam lá só para fazer Deus conhecido. Agora a bola está com eles. Não têm mais essa "mãozinha" de 67 pessoas. Mas eles têm a Deus e a eles mesmos. Então, há esperança.

Ver o projeto concluído me traz um sentimento de gratidão. Deus foi muito gracioso, eu tenho consciência disso. Sei que ele nos deu sabedoria para lidar com as diversas situações que surgiram. Não me arrependo de ter dado essa passo de fé. Fico feliz e hoje sei um pouco mais do que é confiar em Deus diante de coisas maiores do que nós mesmos.

Posso dizer que vale a pena ouvir a voz de Deus. Acho que cada um de nós (os 67) pôde perceber isso de alguma forma. Os resultados ficam para eternidade e vão muito além dos números. Mas, para ter uma noção, aí vão eles:

Abordados (pessoas com quem tentamos começar uma conversa): 1145
Expostos(pessoas com quem ao menos deixamos algum material evangelístico) : 789
Evangelizados (esses aí foram quem a gente conseguiu falar do amor de Cristo e do plano de Deus para o homem): 438
Oraram (... oraram recebendo a Cristo): 151
Encontros de edificação (para aprender mais sobre a vida cristã): 65

E as minhas singelas aventuras missonárias não terminam por aqui. Agora estou de férias, mas em breve volto para Fortaleza, minha atual cidade. Fico na expectativa do que Deus vai fazer nesse ano, muitas coisas estão previstas. Vem um frio na barriga só de pensar.

No próximo post, algumas fotos do projeto Feira de Santana.

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Pressão

O projeto está prestes a terminar. Nunca estive em um projeto que tenha passado tão rápido como esse. Vivemos dias intensos, por isso a sensação de que tudo passou bem ligeiro. Agora em mim há um misto de sentimentos. Há alegria ao olhar para trás e ver como Deus é grande e gracioso. A experiência de liderar um projeto como esse é incrível. Eu queria conseguir traduzir isso em palavras. Mas me sinto meio perdida sem saber por onde começar. Gostaria de conseguir transmitir o meu espanto ao ver como Deus agiu. Apesar do peso da responsabilidade (o título desse post não é por acaso), estar nessa posição me fez enxergar o projeto de um outro jeito. Para mim ficou muito claro o quanto a gente depende de Deus ao embarcar em um empreendimento como esse. São tantos detalhes e vários deles fugiram do meu controle - melhor assim.

Ao ver o campus da UEFS pela última vez nesse mês, eu me lembrei da primeira vez que pisei ali. Estava em uma viagem de “reconhecimento” para firmar parcerias e fechar detalhes importantes (como o lugar em que ficaríamos hospedados). Mal sabia eu tudo o que Deus prepararia para esse tempo. Hoje a UEFS me parece até familiar. Já me acostumei com os módulos, a reitoria, o Restaurante Universitário. Tudo tem agora uma “cara” diferente da primeira vez que os vi. Esses lugares estão impregnados de memórias. Nelas eu vejo jovens que dedicaram as suas férias para fazer Cristo conhecido nessa cidade. Vejo pessoas que começaram a sua caminhada com Deus durante esse mês, e nós tivemos simplesmente o privilégio de acompanhá-las nisso. Vejo um lindo pôr-do-sol, como pano de fundo de uma das apresentações da banda evangelística que esteve conosco – 3DNOZ. Vejo a praça do Borogodó, o point dos estudantes da UEFS. Em alguns momentos nessa praça havia vários grupinhos conversando sobre assuntos espirituais. Que bonito o que Deus faz. Se eu fosse pensar nas minhas próprias forças, eu não teria vivido esse desafio. Mas sou grata a Deus porque eu acredito que foi Ele quem me levou a dar um passo de fé. Esse foi um mês de aprendizado e isso me faz ficar feliz. Valeu à pena.

Uma das partes do meu aprendizado aqui foi ter que lidar com as pressões. Pense só: são 67 pessoas com vontades, gostos, culturas e tantas outras coisas diferentes. Diariamente eu precisei tomar várias decisões, umas simples outras mais complexas. Não tinha para onde correr, eu tinha mesmo que me posicionar. Difícil!!! Mas essa é mesmo uma das coisas que eu preciso crescer e tive várias oportunidades para isso. Depois de inúmeras situações que se apresentaram durante o mês, me sinto mais preparada. Sabe quando a gente aprende a andar de patins? Tem vários tombos até você realmente conseguir equilíbrio. Até você poder deslizar com aquela sensação boa do vento no seu rosto. É mais ou menos assim. Levei alguns tombos e agora estou só começando a entender algumas coisas, começando a dar os primeiros passos e tem até uma brisinha bem leve que posso sentir.

Fico por aqui, cabe lembrar que apesar do tom de despedida, o projeto ainda não acabou. Até a próxima.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Alguns dias depois...

O projeto segue em Feira de Santana City. Quase 70 pessoas convivendo por 30 dias. Temos a nossa versão "missionária" do programa "A Fazenda". Estamos em um acampamento e apesar dos dias que já se passaram, eu não páro de me surpreender com tipos diferentes de insetos. Estou no meu quarto me esforçando por lembrar das coisas boas do projeto para escrever aqui. O esforço não se deve por falta de "bençãos" para contar. Apenas estou em um dia daqueles pelos quais as mulheres passam.

Lembro-me de uma outra conversa que tive na UEFS (se lembra? essa é a sigla da universidade onde estamos realizando o projeto). Após o almoço vários estudantes do campus param e descansam um pouquinho. O lugar preferido, me parece, é a reitoria da universidade. Um prédio novo, bonito e que até distoa do restante da estrutura do campus (que não está tão bonitinho assim). Dentro desse prédio há um hall amplo, com ar-condicionado. Os estudantes, que não são bobos, se esparramam pelo piso mesmo e ficam lá batendo papo, jogando Uno, cochilando, alguns até aproveitam para estudar também. Em frente ao prédio, ao ar livre, tem um jardim, com árvores que oferecem sombra. A galera também aproveita esse espaço. Quando sopra um ventinho, fica perfeito.

Cenário descrito, agora você pode imaginar como foi a minha conversa. Encontrei Rita e Laise sentadas em uma dessas sombras. Conversei, nos conhecemos um pouco e aproveitei para falar sobre Deus. Fiz uma pergunta para elas pensarem: "Se um dia, depois que essa vida aqui terminar, você estiver diante da 'porta' do céu e Deus te perguntar: 'Por que devo te deixar entrar?', o que você responderia?" Gosto de fazer essa pergunta para entender qual perspectiva a pessoa tem de Deus e do que é ter um relacionamento com Ele. As meninas responderam o que quase todas as pessoas para quem faço essa pergunta respodem: "Ah eu falaria que eu sou uma pessoa legal, boa, não cometo nenhum erro absurdo, tipo roubar, etc" Essa é a visão que muitos universitários têm (pelo menos aqueles com quem eu tenho contato). Para estar com Deus é necessário se esforçar e ser "bonzinho".

A partir da resposta delas, comecei a explicar o que a Bíblia nos ensina. Ninguém é bom o suficiente. Por isso Deus tomou uma atitude radical e enviou Jesus. Fiquei feliz em poder esclarecer para elas o plano de Deus e mostrar uma outra maneira de enxergar a vida. Sei que meu trabalho não é convencê-las, essa parte, fica com o próprio Deus. Mas posso dizer que naquela tarde elas decidiram começar a ter um relacionamento com Deus. Ore para que elas cresçam e sejam edificadas nessa verdade.
Para quem está acompanhando o blog e leu o post anterior, aí vai uma atualização: voltei à casa de Luziana. Terminei o que eu gostaria de falar com elas sobre Deus. Marcamos um reencontro para a próxima semana, quando elas estarão mais aliviadas das provas e trabalhos. Ore para que elas entendam mais sobre o plano de Deus para as suas vidas.

Quando eu conseguir parar novamente, escrevo mais!

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Cheguei

Sexta-feira, 8 de janeiro e já se passou 1 semana do meu tempo aqui nessa cidade. Quando eu cheguei um friozinho na barriga me acompanhava. Como será liderar um projeto como esse? Em breve eu ía descobrir pra valer. Até então estava só nos bastidores, mas agora chegou o momento de conviver com a equipe e com os estudantes que nos acompanharão nesse mês.
A trajeto até o local do projeto é um tanto trabalhoso. Cheguei ao aeroporto de Salvador. No  sagüão um clima de férias, revelado pela diversidade de sotaques: gringos e brasileiros vindos de outros estados. Fomos pegar um táxi até a Rodoviária. No rádio um "arrocha" tocava. Estamos mesmo na Bahia. Na rodoviária facilmente conseguimos passagens para Feira de Santana e em meia hora seguimos para o nosso destino.

A impressão desses primeiros dias foi boa. Até agora não doeu tanto assim, e acredito que estou mais do que "sobrevivendo" ao projeto. Estou aproveitando o tempo aqui, as novas pessoas e as "velhas" também. A parte legal de fazer algo que te dá medo é a sensação de aventura. Aos poucos eu vou aprendendo mais sobre o que é liderar. É mesmo uma descoberta, e isso me deixa motivada.
Já fizemos nossa primeira visita ao campus e ao Bairro Feira Seis (onde grande parte dos estudantes moram). Conversei com Luziana, uma estudante de Espanhol, que estava no portão de casa. Ela me convidou para entrar e estender a conversa para outras três amigas do mesmo curso que estavam fazendo um trabalho acadêmico. Fiz uma pesquisa de opinião com elas e tivemos uma conversa agradável. Até marcamos um encontro na semana que vem para continuar o papo que no final já girava em torno da pergunta: "Quem é Jesus para você?" Essa foi a primeira estudante com quem eu conversei nesse mês. Fiquei impressionada com a hospitalidade dela. Aliás, até agora os baianos estão me surpreedendo nesse quesito (pelo menos por aqui, em Feira de Santana).

Tenho expectativas e alguns medos que ainda fazem a minha barriga esfriar. Mas vou seguindo. Hoje ouvi uma frase bem clichê, mesmo assim encerro esse post com ela: "Quem está na chuva, é para se molhar".

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Mala, mochila e um pouco mais

Já estou de partida mais uma vez. Hoje à tarde coloco minha mochila nas costas e vou rumo à Feira de Santana. Tá, eu não vou só levar uma mochila, tem também uma malinha básica tamanho G, uma pasta recheada de papéis e uma bolsa para levar os documentos. Um pouco diferente da orientação de Jesus as discípulos do seu tempo: "Não levem nada pelo caminho, a não ser um bordão. Não levem pão nem saco de viagem, nem dinheiro em seus cintos; calcem sandálias, mas não levem túnica extra;" (Lucas 6: 8 e 9)

Uma missionária contemporânea e urbana vai de mala, mochila, bolsa e necessaire. E na bagagem leva, muito mais que uma túnica, até mesmo a prancha para manter os cabelos lisos na missão. Os tempos mudaram. Mas uma experiência missionária, mesmo que em menores proporções, mantém o seu gosto de aventura. Uma cidade nova, culturas diferentes, comidas, vejamos o que nos aguarda em Feira de Santana.


No meio dos traços aventureiros existe também a sensação (boa) de estar seguindo a vontade de Deus. Não dá para explicar, mas sei que estou partindo para onde Deus quer que eu esteja em Janeiro. Agora, faço uma pausa nas minhas atividades de noiva que pouco desenvolvi em dezembro.

O projeto Feira de Santana 2010 vai começar!