sábado, 27 de julho de 2019

#3 - Sobre fé

Uma lição que eu sigo aprendendo e me surpeendo com o quanto eu preciso ser relembrada: o chamado para andar pela fé. Talvez pareça óbvio que ao escolher um caminho nada convencional de me tornar missionária após concluir a faculdade, eu estaria escolhendo também uma caminhada de fé.
Apesar dessa aparente obviedade, mesmo nas situações mais inusitadas, nosso coraçãozinho dá um jeito de se acomodar. E andar pela fé vai sempre ser um desafio, um salto de coragem, que se manifesta de maneiras diferentes em cada fase da vida.
De modo que não há um phD em fé. E curiosamente, a coleção de experiências em que exercitamos a nossa fé, não nos torna isentos dos medos, inseguranças e de outros sentimentos que vem nos assombrar em meio às dificuldades.
Sobre fé, ao longo desses dez anos, posso dizer que aprendi que não vale a pena se desesperar. Deus está perto e o socorro dEle é presente, às vezes - ou MUITAS vezes - de uma maneira diferente da que esperamos.
Mas Ele prometeu que estaria conosco até o fim e esse é um consolo imbatível.
Me lembro de várias situações em que eu pude testemunhar bem de perto a provisão de Deus alimentando a minha fé nEle: quando preparamos um evento para recepcionar os calouros dos maiores campi da cidade, quando nos tornamos uma equipe totalmente formada por brasileiros, quando organizamos eventos como o congresso regional, quando ousamos fazer coisas diferentes, quando Léo e eu nos casamos e "montamos" nosso apê.
Eu posso dizer que nesses não tão poucos 35 anos de vida, tenho sim uma coleção bem bonita e diversa do agir de Deus. Que me trás à memória esperança e perspectiva de quem é esse Pai do céu com quem eu me relaciono. Uma coleção que me constrange quando eu vacilo na minha confiança nEle. Vem o questionamento: "Como posso duvidar depois de tantas mostras desse cuidado constante???"
Com o constrangimento, vem também a calma que a graça traz. Ele conhece esse coraçãozinho rebelde e sabe como me ensinar. Se necessário, me lembra reçetidas vezes que Ele continua no controle de tudo, sempre!!!

Essa é a terceira lição de 10 que desejo compartilhar sobre os 10 anos que já passei como missionária em Fortaleza. É a minha maneira de relembrar e agradecer pelo tanto que eu aprendi nesse tempo videndo aqui. Às vésperas de ir embora para São Paulo, eu não poderia deixar de registrar essa experiência que me marcou para sempre.

segunda-feira, 13 de maio de 2019

#2 - O tal do resultado

Tem uma frase do Bill Bright que qualquer pessoa que já fez algum treinamento com a Cru já ouviu alguma vez: "O êxito ao testemunhar consiste simplesmente em tomar a iniciativa de compartilhar a Cristo no poder do Espírito Santo deixando os resultados com Deus."
Lembrar que os resultados não são controlados por mim, mas por Deus,  trouxe a perspectiva que eu precisava nos primeiros anos aqui.
Há uma certa empolgação, misturada com ousadia e ingenuidade que acompanha a gente quando começamos a fazer algo novo. Eu tinha aquele olhar de fora e podia facilmente identificar coisas a serem melhoradas. Na minha bagagem, trazia histórias maravilhosas que pude testemunhar como estudante na minha cidade natal. Seria sim um desafio tentar aplicar em Fortaleza o que aprendi lá. Mas não deveria ser assim tão difícil, deveria?
E tentando acertar, fui entendendo a duras penas que cada lugar é um lugar, que cada história é uma história diferente. Podemos sim aprender com as vitórias de outros movimentos, mas sempre entendendo que Deus tem a sua forma própria de trabalhar.
2009, meu primeiro ano na prática ministerial em Fortaleza não foi um ano de grandes resultados. Pelo contrário, a nossa nova equipe, dessa vez formada inteiramente por brasileiros, foi provada de muitas formas na convicção de que estávamos mesmo seguindo a direção de Deus ao permanecermos aqui.
Um ano de muitos esforços e nenhum glamour. Com seus momentos cômicos também. Me lembro de concluirmos um congresso com estudantes da região nordeste (com 150 estudantes, sendo 36 de Fortaleza), todos mega cansados no final e com o trabalho de transportar para os seus devidos lugares equipamentos, materiais e colchões.
Chegamos na igreja onde havíamos pegado os colchões emprestados e colocamos eles em uma sala convidativamente vazia, um lugar com espaço perfeito para executarmos o tarefa rapidamente. "Tchau colchões, obrigada por nos servirem!"
Corta a cena para 15 dias depois, fim das férias, retornando o semestre com a notícia de que aquela simpática sala vazia era reservada para doações para a Cruz Vermelha e consequentemente todos os colchões foram doados para lá. Nada contra as doações, só não era o nosso plano e agora, precisávamos encontrar outros colchões para devolver para quem havia nos emprestado.
Como sempre, Deus é bom e o que seria da nossa vida sem os perrengues? Que histórias a gente ia contar? E claro, como aprenderiamos sem errar?
Não tem como contar tudo, mas foi em 2009 que aprendi que dividir o apartamento com mais cinco mulheres pode ser louco e lindo ao mesmo tempo.
Também que a nossa autoestima é forte e consegue sobreviver sim aos furos nos encontros de discipulado e às expressões de interrogação quando você diz que é um missionário urbano que trabalha com universitários.
E uma lição, que vou levar a vida toda para aprender - caminhar pela fé. Foi nesse ano que Léo e eu, noivos, começamos a planejar o nosso casamento com pouca grana, mas muita esperança de que Deus iria suprir tudo.
Chorando e dando risadas, conclui meu primeiro ano aqui. Parecia que tudo tinha saído diferente do planejado. Mas foi exatamente como deveria ser.



Essa é a segunda lição de 10 que desejo compartilhar sobre os 10 anos que já passei como missionária em Fortaleza. É a minha maneira de relembrar e agradecer pelo tanto que eu aprendi nesse tempo videndo aqui. Às vésperas de ir embora para São Paulo, eu não poderia deixar de registrar essa experiência que me marcou para sempre.

domingo, 5 de maio de 2019

#1 - Deixando a casa dos pais

Eu sabia que esse dia iria chegar. E lá estava eu comprando a maior mala que havia na loja para ir para Fortaleza. Eu ía mesmo morar em um lugar que nunca nem visitara antes. E apesar da loucura que parecia ser a mudança, eu estava em paz e cheia de expectativas para embarcar nessa aventura.

Os dias de preparação para deixar o Rio voaram. Foi tudo tão intenso, que na noite anterior à viagem foi quando a ficha começou a cair. Finalmente parei e olhei para a minha família, um por um daqueles quatro que viviam comigo, no pequeno apartamento em Del Castilho. Não fazia ideia de como seria deixá-los e começar a viver uma vida longe deles.

Quando nos sentamos na sala de casa e fizemos um culto de despedida, as lágrimas não paravam de cair. Chorava ao pensar na letra da música que meu irmão mais novo escolhera, pensando em mim, O Vento, de João Alexandre. Chorava ao ver a minha mãe chorando também. Pensava em cada um deles. E como doeu entender que a partir dali tudo seria diferente.

Depois cheguei na minha nova cidade, e logo a dinâmica da minha vida aqui me ajudou a lidar com a saudade. Mas ela continuava lá. Quando eu ia ao Rio para um tempo de férias, retornava no avião com o coração apertado por ter que me despedir deles mais uma vez. O aperto era formado por uma mistura de saudades com aquele sentimento de irmã mais velha de que não era só eu que precisava deles, mas eles de mim. E estando longe, como poderia garantir que tudo seguisse bem?

Levou em tempinho para entender que eu não podia garantir nada a ninguém, independentemente da distância. E nesse processo eu pude confiar em Deus e  descansar no cuidado dEle. Passei a ter um olhar diferente sobre os meus pais, não era mais o olhar romântico da infância. Eu enxergava as limitações deles e isso me fez amá-los ainda mais.

Também rolou aquele choque de realidade, agora era eu quem ia ao supermercado, cozinhava, lavava, passava, arrumava, cuidava do meu dinheiro. Claro que nessa era da informação o google tá aí, né? E minha mãe era frequentemente solicitada para me socorrer nas minhas empreitadas culinárias (até hoje!).

 Aliás, viva o lado bom da tecnologia que permite aos missionários de hoje cultivar o amor com os seus queridos em palavras, imagens e sons. E por aí vão as incontáveis fotos e vídeos dos netos, os telefonemas para saber das novidades. Se eu contar, que já teve até a tia colocando a Cléo e a Elis para dormir por chamada de vídeo?

Assim seguimos aprendendo a ser família, mesmo morando em cidades diferentes. A sermos unidos até quando espalhados. A dizer eu te amo mesmo quando a voz não vem mais do pequeno quarto onde ficava a beliche. A expressar cuidado com um telefonema, nem que seja para falar besteira. A amar aqueles que nos amaram primeiro.

p.s.1
É verdade que minha mãe me socorre na cozinha até hoje, mas eu também socorro ela nos assuntos tecnológicos... Troca justa, não?

p.s. 2
Só para ficar claro, mamãe, papai, Felipe e Marcos, amo muito vocês!!!

p.s. 3
Trecho da música de despedida, O Vento, de João Alexandre:

O vento sopra onde quer,
ninguém sabe de onde ele vem
E nem para onde ele vai no seu caminho...
Se vai dar ondas ao mar,
levar a jangada a pescar
Ou se vai fazer trabalhar o moinho...
Assim também viverá
aquele que quiser andar
ao lado de Deus e fazer Sua vontade...
Hoje estará por aqui,
quem sabe amanhã vai partir,
Mas onde estiver é feliz de verdade...



Essa é a primeira lição de 10 que desejo compartilhar sobre os 10 anos que já passei como missionária em Fortaleza. É a minha maneira de relembrar e agradecer pelo tanto que eu aprendi nesse tempo videndo aqui. Às vésperas de ir embora para São Paulo, eu não poderia deixar de registrar essa experiência que me marcou para sempre.

sexta-feira, 5 de julho de 2013

Como é que são as férias de um missionário?

Tá aí uma pergunta difícil de responder! Até hoje eu tento descobrir. Mas como o propósito desse blog é trazer um esclarecimento do que é ser um missionário, vou ousar dar uma resposta. Talvez, para os mais desinformados a surpresa já comece pelo título. "Nem sabia que missionário entra de férias!" Pois é temos férias também.

Se você é um missionário que mora em uma cidade diferente da que nasceu, muitas vezes vai querer retornar à sua cidade natal no período de férias. Aí tem aquelas coisas que são super vantagens: comida e mimos da mamãe, rever os amigos, matar as saudades dos lugares preferidos na sua cidade. Isso vai depender do nível de cansaço e da maneira que cada um encontra para se renovar. Tem aqueles que às vezes vão ficar na casa da família só morgando mantendo pouquíssimo contato com o mundo exterior.

Estando na sua cidade rolam também aquelas oportunidades de falar em igrejas parceiras do seu ministério. Nessa hora o pensamento se divide. "Hum, eu estou de férias, mas é uma oportunidade ótima, não posso dizer não." Daí, dependendo do missionário, ele vai aceitar um convite sim. Não só um, mas dois, ou três e mais quantos outros vierem. Com isso, as nossas férias não são totalmente normais. Mas tem muitas coisas de gente normal também! Por exemplo, se tiramos férias logo depois de um projeto missionário, podemos aproveitar e conhecer mais o local aonde estivemos. Se viajamos muito, podemos juntar milhas e programar uma viagem nas férias. Deus também é muito bondoso e, por vezes, somos surpreendidos com os cuidados dele nesse tempo de descanso.

Acho que quanto mais tempo um missionário passa no ministério, mas ele vai aprendendo o que fazer nas férias. Eu só tenho cinco anos, ainda preciso aprender bastante. E confesso que a maior parte do que coloquei aqui (se não tudo!) é autobiográfico. Estou aceitando sugestões de como tirar boas férias. Nesse meio de ano ficamos por aqui em Fortaleza mesmo, não retornamos ao Rio como de costume.

É estranho estar em Fortaleza, acordar e não me preocupar com o monte de coisas que eu preciso fazer durante o dia. Não preciso me sentir culpada, são férias. Sabe o que quero fazer? Ah, tanta coisa! Escrever, passear, dormir, "faxinar", cozinhar, ficar na rede olhando o céu, conversar... que seja eterno enquanto durem esses quinze preciosos dias.


quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Estação dos Ventos

Se alguém me perguntasse qual é a minha estação do ano preferida, minha resposta dependeria do lugar. Quando eu morava no Rio, eu sempre respondia: outono. No outono carioca, você pode sentir aquele friozinho de leve quando anda pelas ruas na sombra. E quando anda no sol, ele te aquece de um jeito agradável, sem incomodar. Claro, isso em um dia ideal de outono.

Mas agora que moro em Fortaleza, tudo é diferente! Quase não há variação entre as estações. O que temos aqui é a época das chuvas (ou "inverno", no primeiro semestre do ano) e a época da seca (nos outros meses). Mas há também entre agosto e o comecinho de dezembro a "estação dos ventos", essa a minha preferida. 

Nessa época, o vento não passa despercebido. Ele não tem pena de bagunçar os cabelos, vestidos e saias de quem caminha por aí. Ele gosta tanto de aparecer, que às vezes é até irritante. Mas, se o vento não fosse forte, todos reclamariam do calor. É um vento democrático, que perpassa todas as áreas da cidade, as praias, a Beira Mar (o calçadão daqui), e até os bairros mais distantes da periferia. Ele sopra em todos. 

Cheguei há quase quatro anos, era setembro de 2008. Trouxe comigo minha mala vinho (a maior que encontrei para comprar), uma conta de excesso de bagagem (já esperada) e muita expectativa para o que  eu iria viver aqui. Minha amiga Kristina me buscou no Aeroporto. Ela estava muito atarefada com um evento que acontecia pela primeira vez, a Calourada pela Paz. Me lembro de sair do Aeroporto com o sol brilhante, machucando meus olhos. Fomos para um restaurante (do qual eu me tornaria vizinha, depois de casar), e o vento já soprava bem forte. Um clima diferente de onde eu estava. Mas parecia que o céu de azul vivo, o vento, o sol, eram formas de Deus dizer, "Seja bem-vinda, minha filha, seja feliz nessa terra."

Quando essa estação recomeça a cada ano, ela me traz boas memórias. Não muito antigas, de uma missionária cheia de sonhos e medos, mas com uma coragem de viver o que Deus já estava preparando. Foi um vento bom que me trouxe ao Ceará.

domingo, 8 de maio de 2011

Meu apego

Missionário. O que você pensa quando ouve alguém dizer que é um missionário? Vou te dizer algo que comumente eu escuto: "Ah, isso não é para mim, sou muito apegado à minha família. Jamais conseguiria fazer isso que você faz." Eu também pensava que para ser missionário é importante ser desapegado. E continuo achando que existe uma certa razão nisso.
Eu sempre me achei assim "desapegada". Alguns anos atrás, quando eu pensava na possibilidade de trabalhar com missões, eu sempre pensava "hum, para mim, essa parte de estar longe da família não vai ser tão difícil". E assim, eu fui. Entrei para a Cruzada Estudantil, levantei sustento, me mudei para Fortaleza. Cheia de sonhos e expectativas. Na época Léo e eu não éramos nem noivos ainda.
O tempo passou, senti saudades e descobri que eu não sou tão desapegada como eu achava que era. Existe uma saudade, existe um apego. Meu coração está aqui no Ceará. Mas existe também um pedaço dele que não me deixa esquecer daquela casa que já foi de tantos jeitos e lugares. Daquelas pessoas que me conhecem tão bem.
Hoje é dia das mães. Não posso estar presente fisicamente para beijá-la, como eu gostaria. Mas a gente vai dando um jeito. Telefone, internet, a gente dá um jeito de se manter por perto. E nesse dia, mais uma vez eu percebo, admito e publico o meu apego.
Estar longe de pessoas queridas. Acho que essa é mesmo uma das coisas mais difíceis na vida missionária. Jesus sabia disso, talvez por isso ele tenha falado, já trazendo um consolo: "Ninguém que tenha deixado casa, mulher, irmãos, pai ou filhos por causa do Reino de Deus deixará de receber, na presente era, muitas vezes mais, e, na era futura, a vida eterna". (Lucas 18:29,30)
Tenho descoberto mesmo que eu não sou missionária porque eu sou mais desapegada a minha família do que outras pessoas. Mas se hoje sirvo dessa forma é simplesmente pela graça de Deus e não pela minha própria força. Existe mesmo um sacrifício, como Pedro quis lembrar para Jesus "Nós deixamos tudo o que tínhamos para seguir-te! "(Lucas 18:28). Mas existe da mesma forma o consolo de termos por perto uma grande família espiritual que ultrapassa limites genéticos, culturais e (quanto mais nesse nosso tempo) geográficos.


Termino esse texto, fazendo uma homenagem a minha querida mãe, minha amiga que está longe, mas também bem perto. Amo você, mãe.

sexta-feira, 18 de março de 2011

Auto-estima missionária

O que vou revelar aqui pode não ser um consenso. Mas já faz um tempo que venho pensando sobre uma definição da auto-estima comum de um missionário. É difícil falar sobre esse assunto pois eu não serei imparcial, mas acredito que, para quem interessar, pode ser de grande ajuda entender melhor o que se passa na cabeça e no coração de um missionário. E essa é mesmo uma das propostas desse blog.

Quando você se define como um missionário fica diante das mais diferentes reações do "outro". Esse outro que pode ser, no meu caso, um colega de faculdade que não tem nenhuma familiaridade com o cristianismo, ou até uma super amiga da igreja. Vamos ver em um diálogo totalmente ficcional (mas possível), o que  aconteceria em encontros com esses personagens diferentes:

[Antes, o contexto: você que me acompanha nesse blog já deve saber que eu trabalho em tempo integral como missionária nas universidades de Fortaleza.]

O encontro, 1ª situação

Missionária: Oi, Colega! Quanto tempo....
Colega da faculdade: É mesmo, já faz mais de três anos que a nossa formatura aconteceu né?

Missionária: Pois é... passou tão rápido! E aí, você está trabalhando na área?

Colega da faculdade: Estou sim, não é fácil, mas tô aí batalhando né? E você o que tem feito?

Missionária: Estou morando em Fortaleza. Trabalho como missionária lá.

Colega da faculdade: Ah você faz parte de uma ong???

Missionária: Não, faço parte de uma missão que atua nas universidades.

Colega da faculdade: Ah... tem haver com projetos sociais, é?

Missionária: Na verdade, não. A gente vai às universidades para falar com os estudantes sobre o amor de Deus e tentamos encorajá-los a criar um movimento estudantil cristão no seu campus.

Colega da faculdade: Hannnnn... Puxa que bonito, né? [Sem  claramente ter entendido o porquê de eu fazer isso ao invés de trabalhar no mercado]


O encontro, 2ª situação

Missionária: Oi amiga! Tudo bem?
Super amiga da igreja: Oi! E aí, como vai os estudos???

Missionária: Ah... atualmente eu não tenho estudado algo específico.
Super amiga da igreja: Ué, mais você não vai lá na Universidade X?

Missionária: Eu vou sim, mas eu trabalho lá, como missionária.

Super amiga da igreja: Ah sim...mas você já se formou?

Missionária: Já, em 2007.

Super amiga da igreja: Legal, e hoje você trabalha na sua área de formação?

Missionária: Não, eu trabalho como missionária em tempo integral. Até uso algumas coisas que aprendi no meu curso, mas não trabalho diretamente com isso.

Super amiga da igreja: Entendi. A que bonito o que você faz!

[Duas semanas depois...]

Missionária: Oi!

Super amiga da igreja: Oi! E aí como foi sua semana?

Missionária: Foi muito boa, um pouco cansativa, mas tudo bem, e a sua?

Super amiga da igreja:  Foi boa também! Te vi em frente à Universidade.. que curso mesmo você faz lá?

[ A partir daí explico mais uma vez o que tanto faço nas universidades]


Missionário é um ser um tanto quanto incompreendido. Não quero me fazer de vítima não. Acho que se eu não fosse missionária e nem tivesse amizade com alguém que fosse, eu também não entenderia nada. Mas é incrível, como a gente tenta explicar o que fazemos e muitas pessoas não conseguem entender. É mesmo algo que foge das "profissões comuns", acho que por isso, é mais difícil  de ser entendido. Agora pense, se você é um missionário urbano, em seu próprio país ou até na sua própria cidade. É mais difícil ainda fazer as pessoas entenderem que o que fazemos também tem haver com missões (mesmo sem estar em uma outra cultura ou país).

Assim, já começamos a descortinar a auto-estima missionária. Um ser incompreendido. Que isso não soe com um tom pessimista. É apenas uma característica, que nos acompanha quando dizemos ao sermos interrogados: "O que você faz?" ou "Qual é a sua profissão?", e ao respondermos em seguida "Eu? Eu sou missionária!"