domingo, 8 de maio de 2011

Meu apego

Missionário. O que você pensa quando ouve alguém dizer que é um missionário? Vou te dizer algo que comumente eu escuto: "Ah, isso não é para mim, sou muito apegado à minha família. Jamais conseguiria fazer isso que você faz." Eu também pensava que para ser missionário é importante ser desapegado. E continuo achando que existe uma certa razão nisso.
Eu sempre me achei assim "desapegada". Alguns anos atrás, quando eu pensava na possibilidade de trabalhar com missões, eu sempre pensava "hum, para mim, essa parte de estar longe da família não vai ser tão difícil". E assim, eu fui. Entrei para a Cruzada Estudantil, levantei sustento, me mudei para Fortaleza. Cheia de sonhos e expectativas. Na época Léo e eu não éramos nem noivos ainda.
O tempo passou, senti saudades e descobri que eu não sou tão desapegada como eu achava que era. Existe uma saudade, existe um apego. Meu coração está aqui no Ceará. Mas existe também um pedaço dele que não me deixa esquecer daquela casa que já foi de tantos jeitos e lugares. Daquelas pessoas que me conhecem tão bem.
Hoje é dia das mães. Não posso estar presente fisicamente para beijá-la, como eu gostaria. Mas a gente vai dando um jeito. Telefone, internet, a gente dá um jeito de se manter por perto. E nesse dia, mais uma vez eu percebo, admito e publico o meu apego.
Estar longe de pessoas queridas. Acho que essa é mesmo uma das coisas mais difíceis na vida missionária. Jesus sabia disso, talvez por isso ele tenha falado, já trazendo um consolo: "Ninguém que tenha deixado casa, mulher, irmãos, pai ou filhos por causa do Reino de Deus deixará de receber, na presente era, muitas vezes mais, e, na era futura, a vida eterna". (Lucas 18:29,30)
Tenho descoberto mesmo que eu não sou missionária porque eu sou mais desapegada a minha família do que outras pessoas. Mas se hoje sirvo dessa forma é simplesmente pela graça de Deus e não pela minha própria força. Existe mesmo um sacrifício, como Pedro quis lembrar para Jesus "Nós deixamos tudo o que tínhamos para seguir-te! "(Lucas 18:28). Mas existe da mesma forma o consolo de termos por perto uma grande família espiritual que ultrapassa limites genéticos, culturais e (quanto mais nesse nosso tempo) geográficos.


Termino esse texto, fazendo uma homenagem a minha querida mãe, minha amiga que está longe, mas também bem perto. Amo você, mãe.