terça-feira, 25 de maio de 2010

Poesia e missão

Com disposição e um pouco de cara de pau, realizamos a 2º edição do Sarau Versos Marcantes no Centro de Humanidades da UECE. Dessa vez, um pouco mais curto, pois os participantes estavam acanhados. Mas ainda assim, alguns, mesmo sem ter se planejado toparam o desafio de declamar na hora. Maior coragem.

Já deve ter dado para perceber que eu curto muito essa idéia de sarau. Não cosigo nem disfarçar. Sou apaixonada por poesia e outras "literatisses" e fico super animada por juntar essa paixão com uma outra: Jesus. Para você (que se interessar) entender um pouco do que foi o sarau, deixo aqui um relato do dia:

Fortaleza, 13 de maio de 2010.

Hoje por aqui, comemoram o dia da Maria, a de Fátima (pois existem tantas, né?). Mas, pela manhã, ao abrir os olhos o meu coração bate mais acelerado por outro motivo: hoje é dia de... sarau! Depois da minha rotina matinal, eu deixo meu apartamento, rumo ao nosso "escritório", no bairro de Joaquim Távora. Estou tranquila. Dividi as tarefas do evento com os estudantes e estou confiando em Deus que vai dar tudo certo. O "escritório" leva aspas por que na verdade ele é um depósito de todo o tipo de materiais que você possa imaginar. Lá eu abasteço uma sacola bem grande com folders do Alfa e Ômega, as amarelinhas Quatro Leis, os folhetos azulzinhos (tá tão meigo tudo no diminutivo...). Me dispeço da Fernanda, minha líder de equipe, que estava no escritório para despachar as revistas sobre os projetos que foram impressas aqui em Fortal.

A ida para o campus foi bem mais tranquila do que eu esperava. O trânsito fluía bem, apesar de eu passar pela avenida 13 de maio, no dia 13 de maio (é lá que fica a igreja de Fátima). Ao chegar no campus, um marasmo. Os alunos ainda estavam em aula e nem dava para perceber que em breve ía ocorrer um evento cultural ali. Me sentei e fiquei aguardando os estudantes, enquanto isso orava para que não chovesse.

Com o início do intervalo o cenário mudou. Uma movimentação grande na direção do Restaurante Universitário (eles precisam comprar a ficha do almoço logo, senão perdem a refeição) e - boa surpresa - aos poucos foi se formando uma concentração de pessoas sentadas nos bancos em frente ao palco aonde declamaríamos as poesias. A galera parecia interessada. Mas na vida de missionário, os fatos precisam ser "com emoção", se não, qual é a graça? Tivemos a nossa pitadinha de emoção ao ver o horário do Sarau se aproximando e o som ainda não instalado. Apesar da nossa atecedência, ocorreu um imprevisto na prefeitura do campus e no final das contas, o Sarau teve que ser à moda antiga mesmo: no gogó. Com a coragem que ainda me restava pedi a minha amiga (e também missionária), Manú, que chamasse a atenção do povo e anunciasse o começo do evento.

Começou. Tivemos declamações emocionantes, que me deixaram intimidada, com muita vergonha de fazer a minha. Mas busquei lá no fundo aquele resquício de coragem e li a primeira poesia que eu tinha separado:

O bom do ruim 

Não quero ter cabelo bom
pois meu cabelo não é ruim

Não quero parecer-te bom
por mais que me aches ruim

Não quero ser bom
para seguir tua cartilha ruim

O Criador disse
"Ficou muito bom"
as criaturas não concordaram
eis porque ousas chamar-me ruim!
 
Autora: Adriana Dantas

Declamei uma poesia da minha amiga, Dri, de São Paulo. E depois em outro momento declamei a poesia do Gladir Cabral que eu já postei aqui. É muito "massa" declamar. Você sente um frio na barriga, mas depois um alívio, e no final você chega à conclusão: valeu à pena, quero fazer isso de novo. Foi o que eu senti, pelo menos.

Também aproveitamos o evento para divulgar o Alfa e Ômega no campus e distribuir um texto bem simples que levantava a questão de ter um relacionamento com Deus.

Eu quero mais e espero que a gente consiga fazer desse sarau uma tradição no campus. Eu acredito que Deus já tem usado esse espaço para que o nome dele seja levantado na universidade, de uma maneira relevante para o pessoal de lá.

terça-feira, 11 de maio de 2010

Altos e baixos

Já reparou o óbvio? Que a gente "toda vida" (como diriam os cearenses) tem que lidar com altos e baixos. Missionário também é um bicho pensante, rapá. Pra provar isso, eu revelo: todo mês preciso oficialmente pensar nos altos e baixos do ministério por aqui.

Pois agora já estamos no meio de maio. Mas ter um pouco de memória não faz mal.

O ponto alto de abril foi a força que Deus me deu para me envolver em várias atividades e conseguir dar conta delas. Tivemos um mês bem movimentado por aqui. Missionário faz um pouco de tudo sabia? Escreve texto para revista, promove eventos, dá treinamento de evangelismo, serve café da manhã para patores e líderes da cidade, evangeliza, discipula. Ufa! Isso foi uma parte das coisas que eu fiz esse mês. O ponto alto foi mesmo ter energia e disposição para arregaçar as mangas e trabalhar.

O ponto baixo foi o meu tempo devocional com Deus. Sei que esse é um tempo primordial, mas confesso que tem sido muito difícil lutar contra a ansiedade e conseguir de fato parar e contemplar a Deus. Esse é um desafio para pessoas que curtem um "ativismozinho" como eu. Pois é, isso precisa melhorar. Preciso de um tempo com Deus, mas não só daquele tipo que tá marcado na agenda. Mas um tempo em que eu verdadeiramente me encontre com ele.

Sobre os bastidores de um Sarau

Pois é, há alguns minutos atrás eu escrevi que estava sem inspiração. Mas daí veio a idéia de falar (como já tenho feito) do que tem acontecido comigo por aqui. Assunto para escrever, na verdade é o que não falta.

Nas últimas semanas estou envolvida com os preparativos de um Sarau de poesias. É a segunda vez que nós (do Alfa e Ômega) vamos realizar esse evento no Centro de Humanidades (CH) da Universidade Estadual do Ceará (UECE). A idéia é ter uma maneira diferente de divulgar o movimento na universidade e de falar do amor de Deus também.

Sou uma missionária em treinamento e tentar algo novo no evangelismo é parte do que preciso fazer nesse semestre aqui. Por isso decidi investir no Sarau. Não é uma idéia totalmente nova (aliás será que existe mesmo algo totalmente novo? Deixa pra lá... esse seria um papo muito filosófico). Mas é uma idéia que eu acredito. Fazer o sarau no Centro de Humanidades é se contextualizar mais com a realidade dos estudantes de lá. É também contribuir com a produção cultural da universidade. O Sarau me deixa empolgada, pois eu acredito que nessa iniciativa a gente consegue se mostrar como um movimento cristão relevante no CH.

Dia 13 de maio será o grande dia. Estar envolvida nos preparativos tem sido um passo de fé para mim. Porque além disso, estou cuidando de outras atividades do ministério aqui e também do meu casamento que está cada vez mais perto (o que me deixa meio doidinha). Mas tem valido muito a pena, porque posso depender de Deus. Diferente do ano passado, dessa vez temos mais estudantes que poderão nos ajudar. Isso já é um grande incentivo.

Não será um mega evento, mas algo simples. As pessoas vão, sobem no "palquinho" do bosque e declamam uma poesia marcante para elas. Pode ser de autoria própria ou não. E nessa simplicidade já tivemos boas respostas na primeira vez. Pessoas que nem mesmo acreditam em Deus, mas que gostaram da nossa iniciativa. Quem sabe isso não abre uma frestinha para o evangelho? Nessa edição, nós queremos selecionar algumas poesias que tenham Deus na temática. A poesia que eu coloquei no post anterior vai fazer parte do repertório.

Algo me deixa feliz também é ver alguns cristãos no campus se aproximando e dando a sua contribuição. Isso traz para eles uma boa perspectiva que às vezes se perde ao longo do curso: eles não estão lá apenas para estudar. Deus tem um propósito maior. Ele quer usá-los ali e vai fazer isso por meio dos talentos que cada um tem. Alguns escrevem, outros declamam, outros vão ajudar dando informações no stand do movimento e dois vão cantar e tocar (voz e violão).

Depois de quinta escrevo mais para dizer como foi!

Poeta é Deus

Como tem me faltado a inspiração para escrever (culpa da ansiedade de noiva que venho sentindo), vou publicar aqui essa poesia de Gladir Cabral.

poeta é Deus
Por Gladir Cabral
em 11 de abril de 2006


Eterno é Deus,
Tudo o mais é só folha de alfazema
Que o vento leva no doce perfume da açucena,
Águas passadas nas longas braçadas do moinho,
Leve desenho na pena de um livre passarinho.

Eterno é Deus,
E o resto é a sombra de uma nuvem
Sobre a corrente das águas que de repente surgem
E prontamente se escoam na sequidão da terra,
Um pensamento, uma flecha do arqueiro, quando erra.

Poeta é Deus,
Sou apenas o verso de um poema.
Ele é palavra, eu sou o desejo de um fonema,
Verso branco, breve
À espera do seu tema.

Eterno é Deus,
Tudo o mais é uma gota de sereno
Que de manhã cobre a folha da grama no terreno.
Ao meio-dia é apenas lembrança pouca e vaga,
É trilha incerta, é uma estrada deserta e ensolarada.

Poeta é Deus,
Sou apenas poeira do caminho.
Ele é o rio que me leva assim, devagarinho,
Pela vida afora, nunca mais sozinho.