segunda-feira, 13 de maio de 2019

#2 - O tal do resultado

Tem uma frase do Bill Bright que qualquer pessoa que já fez algum treinamento com a Cru já ouviu alguma vez: "O êxito ao testemunhar consiste simplesmente em tomar a iniciativa de compartilhar a Cristo no poder do Espírito Santo deixando os resultados com Deus."
Lembrar que os resultados não são controlados por mim, mas por Deus,  trouxe a perspectiva que eu precisava nos primeiros anos aqui.
Há uma certa empolgação, misturada com ousadia e ingenuidade que acompanha a gente quando começamos a fazer algo novo. Eu tinha aquele olhar de fora e podia facilmente identificar coisas a serem melhoradas. Na minha bagagem, trazia histórias maravilhosas que pude testemunhar como estudante na minha cidade natal. Seria sim um desafio tentar aplicar em Fortaleza o que aprendi lá. Mas não deveria ser assim tão difícil, deveria?
E tentando acertar, fui entendendo a duras penas que cada lugar é um lugar, que cada história é uma história diferente. Podemos sim aprender com as vitórias de outros movimentos, mas sempre entendendo que Deus tem a sua forma própria de trabalhar.
2009, meu primeiro ano na prática ministerial em Fortaleza não foi um ano de grandes resultados. Pelo contrário, a nossa nova equipe, dessa vez formada inteiramente por brasileiros, foi provada de muitas formas na convicção de que estávamos mesmo seguindo a direção de Deus ao permanecermos aqui.
Um ano de muitos esforços e nenhum glamour. Com seus momentos cômicos também. Me lembro de concluirmos um congresso com estudantes da região nordeste (com 150 estudantes, sendo 36 de Fortaleza), todos mega cansados no final e com o trabalho de transportar para os seus devidos lugares equipamentos, materiais e colchões.
Chegamos na igreja onde havíamos pegado os colchões emprestados e colocamos eles em uma sala convidativamente vazia, um lugar com espaço perfeito para executarmos o tarefa rapidamente. "Tchau colchões, obrigada por nos servirem!"
Corta a cena para 15 dias depois, fim das férias, retornando o semestre com a notícia de que aquela simpática sala vazia era reservada para doações para a Cruz Vermelha e consequentemente todos os colchões foram doados para lá. Nada contra as doações, só não era o nosso plano e agora, precisávamos encontrar outros colchões para devolver para quem havia nos emprestado.
Como sempre, Deus é bom e o que seria da nossa vida sem os perrengues? Que histórias a gente ia contar? E claro, como aprenderiamos sem errar?
Não tem como contar tudo, mas foi em 2009 que aprendi que dividir o apartamento com mais cinco mulheres pode ser louco e lindo ao mesmo tempo.
Também que a nossa autoestima é forte e consegue sobreviver sim aos furos nos encontros de discipulado e às expressões de interrogação quando você diz que é um missionário urbano que trabalha com universitários.
E uma lição, que vou levar a vida toda para aprender - caminhar pela fé. Foi nesse ano que Léo e eu, noivos, começamos a planejar o nosso casamento com pouca grana, mas muita esperança de que Deus iria suprir tudo.
Chorando e dando risadas, conclui meu primeiro ano aqui. Parecia que tudo tinha saído diferente do planejado. Mas foi exatamente como deveria ser.



Essa é a segunda lição de 10 que desejo compartilhar sobre os 10 anos que já passei como missionária em Fortaleza. É a minha maneira de relembrar e agradecer pelo tanto que eu aprendi nesse tempo videndo aqui. Às vésperas de ir embora para São Paulo, eu não poderia deixar de registrar essa experiência que me marcou para sempre.

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